sábado, 27 de setembro de 2008

A tragédia de Jenny

Tudo aconteceu muito rapidamente. Embora todos soubessem que Jenny era um bocado maluca e tinha problemas de álcool, ninguém esperava tal tragédia.
Depois de se chatear com o namorado, Jenny saiu furiosa do estúdio onde estava a gravar um novo single.
Alguns instantes depois, apareceu a minha porta. Embora fosse uma rapariga difícil de compreender, eu sabia que lá no fundo ela só precisava de uma amiga com quem desabafar. Depois de uma longa viagem em silêncio, Jenny parou o carro numa praia deserta, um bocado escondida.
Então virou-se para mim e disse:
- Conhecias esta praia?
Ao que eu lhe respondi:
- Não, mas é linda. Como é que a descobriste?
Depois de um momento de silêncio, em que só se ouvia a Jenny a beber a sua vodka.
Olhando para o mar ela respondeu-me:
- Era aqui que eu vinha com o meu irmão quando éramos mais novos.
- E porque deixaram de vir? – Perguntei-lhe.
- Ele fugiu de casa quando tinha 16 anos e nunca mais tive notícias dele.
-Desculpa ter tocado no assunto, não sabia. - respondi-lhe sem saber o que poderia dizer mais.
Era a primeira vez que a via assim tão frágil, parecia perdida sem saber o que fazer.
Enfim, tentando quebrar o silêncio, perguntei-lhe:
- Não me queres contar o que se passou para estares assim?
Depois de dar outro gole na sua vodka, respondeu-me:
- O Fred não compreende a minha música. Quer alterar tudo, mas não percebe que a minha musica e um refugio para mim. E onde escrevo os meus sentimentos. Se ele mudar as minhas letras, a musica deixa de ter significado para mim. É como apagar um bocado de mim.
Nesse preciso instante, apareceu o Fred. Furioso, virou-se para a Jenny:
- Eu sabia que só podias estar aqui. O que pensas que estás a fazer? Não podes abandonar o estúdio assim! Tens uma música para gravar! Estou farto das tuas cenas! E essa mania de te embebedares! Agora escolhe, ou voltas para o estúdio acabar a gravação, ou, acabou-se tudo entre nós!
Depois de um momento a pensar no que acabara de ouvir. Perguntou-lhe:
- Estás me a fazer um ultimato? Queres mesmo que escolha? Ou a guerra ou o amor?
- Sim! – Respondeu-lhe ele com frieza
- Então escolho a guerra! – Dito isso, agarrou nas chaves do carro, na sua garrafa de vodka e fugiu a correr.
Algumas horas depois, chegou a horrível notícia, Jenny tivera um acidente de carro ao qual não sobrevivera.

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