quarta-feira, 27 de maio de 2009

“Além de ser réplica poética do realismo crónico queirosiano (…) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu espaço de autenticidade auto-retrocista, com versos magistrais, solubres e sinceros.”
Tal como em Eça de Queirós, as obras de Cesário Verde contêm elementos românticos, naturalistas, impressionistas, irónicos e realistas, daí serem consideradas réplicas poéticas do realismo queirosiano. Nos seus poemas podemos encontrar análises minuciosas da realidade e características da sociedade portuguesa.
Os seus versos são considerados magistrais, solubres e sinceros, pois, retratam o seu próprio espaço, Lisboa, na altura em que ele viveu.
Cesário Verde usa e abusa da ironia e da comparação na sua poesia. Gosta de comparar a cidade ao campo, os ricos aos pobres, etc.
Podemos assim constatar, que os poemas de Cesário Verde são uma reflexão dos contrastes existentes na sua realidade.

sábado, 9 de maio de 2009

O Parnasianismo

O vocábulo Parnasianismo deriva de parnaso, monte da antiga Grécia, na Fócida, consagrado a Apolo, deus da poesia, e às musas.
Como designação de escola literária, deve a sua origem ao título da publicação francesa "Le Parnasse Contemporain", revista editada pelo livreiro parisiense Lemerre, a partir de 1866, na qual se publicaram as primeiras obras poéticas que reagiram contra o Romantismo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Carlos da Maia - biografia

Carlos da Maia é uma das personagens principais do romance Os Maias, de Eça de Queirós. Amante da ciência e das mulheres. Diletante, visto que exerce sua profissão pelo prazer e não por obrigação.
É filho de Pedro da Maia e Maria Monforte, mas nunca teve contacto com os pais, excepto quando era ainda muito criança. É a personagem principal da obra. Muitos consideram até Os Maias um romance de personagem, centrado precisamente em Carlos da Maia. Depois da fuga de sua mãe, Maria Monforte, com outro homem, e do suicídio do pai, que não aguentou a traição, ficou entregue aos cuidados do avô, que representará para ele o pai, a mãe, o avô. Afonso da Maia dar-lhe-á a educação que não pôde dar ao filho Pedro - educado segundo cânones tradicionais portugueses, por insistência de uma mãe ultra-católica. Assim, educado à maneira inglesa, com normas rígidas, intensa actividade física, sem os tradicionalismos da "cartilha" católica, Carlos vai-se tornar num belo homem, física e intelectualmente. Forma-se em Medicina, em Coimbra, onde conhece João da Ega, seu grande amigo. A casa que o avô lhe alugara em Celas, torna-se centro da vida boémia estudantil, onde se discute arte, política, filosofia, o que faz de Carlos muito popular entre os colegas. Depois de formado, viaja pela Europa e conhece o que de melhor há no velho Continente. Torna-se um diletante. Volta a Lisboa e arrasta consigo Afonso da Maia para o Ramalhete. Trabalha por prazer, abre um consultório, monta um laboratório e enche-se de projectos que nunca chega a cumprir, disperso na vida boémia da capital, entre mulheres, amigos e aventuras. Mantém uma relação adúltera com a Condessa de Gouvarinho, até que conhece Maria Eduarda - que na verdade é sua irmã - por quem se apaixona. Desconhecedores do laço de sangue que os une, tornam-se amantes e decidem fugir, até que Carlos toma conhecimento do terrível desfecho da sua história, ao receber uma carta do Sr. Guimarães. Descoberto o segredo, Carlos Eduardo vê-se ensombrado com a morte do avô e torna-se um fracassado da vida. Assim, jovem, bonito, inteligente, cobiçado e culto, com tudo para se tornar um vencedor, Carlos Eduardo da Maia é destinado, tal como o seu pai, Pedro, a fracassar.
Carlos da Maia, fisicamente era um belo e magnífico rapaz, alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados e uma barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca; psicologicamente era culto, bem-educado, de gostos requintados. É corajoso e frontal, amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério e de o concretizar). Contudo apesar da sua educação, Carlos fracassou, não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Biografia de Alexandre Herculano


Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Santarém, 13 de Setembro de 1877) foi um escritor da era do romantismo, um historiador, um jornalista, e um poeta português.

Biografia
Alexandre Herculano nasceu em Lisboa, em 28 de Março de 1810 numa modesta família de origem popular; a mãe, Maria do Carmo de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros. Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas. Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária. Com apenas 21 anos, participou, em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas, na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.°4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigou, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7 500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832,na praia do Mindelo, a fim de cercar e tomar a cidade do Porto. Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar. Passado à disponibilidade pelo próprio D. Pedro IV, foi por este nomeado segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto. Aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa (revista de carácter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis), patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal desde 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do Romance Histórico em Portugal no século XIX. Mas a obra que transformou Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero. Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acabou por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. O prestígio que a História de Portugal lhe deu levou a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreendeu em 1853 e 1854. Herculano permaneceu fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impediu de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessou ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854, 1855), cargo que abandonou rapidamente. Em 1857, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retirou-se definitivamente para a sua quinta de Vale Lobos (Azóia, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual. Em Vale de Lobos, Herculano exerceu um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara. Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia dupla de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.
Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial. Descontente com o governo de Miguel I de Portugal, exilou-se na França, onde escreveu os seus melhores poemas. Voltou a Portugal, em 1832, continuou a fazer poesia, como A Voz do Profeta em 1836 e A Harpa do Crente em 1838. No jornal Panorama por volta de 1840; publicou obras de ficção, como Eurico, o Presbítero de 1844, e ganhou fama como historiador; publicou a História de Portugal, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal.Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.
Morreu na sua quinta de Vale de Lobos (Santarém) a 13 de Setembro de 1877.

Biografia de Bernardim Ribeiro


Bernardim Ribeiro (Torrão, 1482? — 1552?) foi um escritor português renascentista. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça.
Frequentou a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros. Esteve algum tempo na Itália, onde tomou conhecimento de inovações literárias.
Foi o introdutor do bucolismo em Portugal.

Biografia
Praticamente nada se sabe de certo na vida de Bernardim Ribeiro. Presume-se que nasceu por volta de 1482. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa.
Tão misterioso quanto o nascimento, é a morte do escritor. Alguns autores datam-na como 1552. Porém, pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido.
Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do Torrão, Baixo Alentejo. Na vila encontra-se actualmente uma estátua em homenagem ao escritor. Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes (1838 - 1912).
Embora leitor de autores clássicos como Virgílio, Ovídio, Petrarca, Sannazaro, Bernardim Ribeiro não é erudito. Utiliza uma linguagem estilizada repleta de arcaísmos.
Não foi somente precursor do bucolismo em Portugal, como também possivelmente o primeiro a escrever sextina na língua portuguesa.